quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Em voto demolidor, Moraes defende condenação de Bolsonaro por liderar organização criminosa

 

Ministro Alexandre de Moraes vota em julgamento dos réus da trama golpista

Cerca de três anos após o país ser vítima de uma articulação golpista para tentar derrubar o regime democrático e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete golpistas estão no banco dos réus no Supremo Tribunal Federal (STF), em um julgamento histórico. Em um voto técnico, mas incisivo para deixar claro a gravidade do caso, o relator do processo, ministro Alexandre de Moraes, votou, nesta terça-feira (09), para condenar Bolsonaro por liderar a organização criminosa.

O magistrado é o primeiro a votar no julgamento que ocorre na Primeira Turma. Ao longo do voto, ele descreveu o passo a passo da trama golpista e destacou que as vastas provas encontradas pela Polícia Federal, como conversas, decretos para tentar dar aparente legalidade ao golpe, e plano para matar autoridades, deixam claro que não se tratou de mera preparação, mas que de fato ocorreram tentativas violentas de tomar o poder e impedir que a escolha de milhões de brasileiros fosse respeitada. Além de Bolsonaro, estão sendo julgados Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa e Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro.

“O líder do grupo criminoso deixava público que jamais aceitaria uma derrota democrática nas eleições. Que jamais cumpriria a vontade popular”, destacou Moraes, se referindo a Bolsonaro. “O núcleo central também tinha integrantes militares que ocupavam cargos estratégicos dentro do Poder Executivo Federal, como o réu Augusto Heleno, que exerceu o cargo chefe do GSI; o réu Walter Souza Braga Netto, que exerceu os cargos de ministro chefe da Casa Civil e ministro da Defesa, assim como foi candidato a vice-presidente da República na chapa de Jair Bolsonaro; o réu Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, que exerceu o ministério da Defesa, também foi função central na estrutura criminosa, exercido o cargo de comandante do Exército e, posteriormente, a titularidade do ministério da Defesa. Da mesma forma, o réu Almir Garnier, que exerceu o posto de comandante da Marinha durante o mandato presidencial do líder”, completou o magistrado.

Estrutura criminosa

Moraes afirmou que Bolsonaro seria o principal beneficiado caso o golpe tivesse dado certo e que ele recebeu respaldo dos militares em suas intenções criminosas, como na intenção de intervir nas instituições democráticas. “Jair Messias Bolsonaro exerceu a função de líder da estrutura criminosa e recebeu ampla contribuição de integrantes do governo federal e das Forças Armadas, utilizando-se da estrutura do Estado brasileiro para a implementação de seu projeto autoritário de poder, conforme fartamente demonstrado nos autos”, continuou Moraes.

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