Ex-presidente voltou a descumprir medidas cautelares com dois objetivos: o primeiro foi provocar o STF; o segundo, incendiar o país.
Jair Bolsonaro acordou nesta segunda-feira, 4, livre, sendo apenas ex-presidente da República. Terminou o dia em prisão domiciliar. Seguirá usando tornozeleira eletrônica, está proibido de receber visitas que não sejam de advogados e familiares próximos e teve todos os celulares de sua casa recolhidos pela Polícia Federal. O motivo é um só: reincidência.
Não há exagero na palavra. Reincidência. Bolsonaro infringiu, mais uma vez, as regras impostas pelo Supremo Tribunal Federal, o STF – e o fez de maneira deliberada, cínica, quase desafiadora. Mesmo proibido de usar redes sociais, quis seguir protagonista da cena política virtual por meio dos perfis de seus filhos.
Em uma operação que mistura desobediência calculada e esperteza de adolescente, Bolsonaro achou que poderia burlar o Judiciário se não fosse ele, com os próprios dedos, a apertar “publicar”.
Mas a decisão do ministro Alexandre de Moraes não se resume a um tecnicismo sobre contas em redes sociais. O despacho é direto ao qualificar a gravidade do que foi feito: o conteúdo veiculado por Bolsonaro, através dos filhos, tinha “claro conteúdo de incentivo e instigação a ataques ao STF e apoio ostensivo à intervenção estrangeira no Poder Judiciário brasileiro”.
Em outras palavras, o ex-presidente voltou a flertar com a sabotagem institucional e tentou internacionalizar sua cruzada autoritária, justamente num momento em que os Estados Unidos impuseram sanções contra Moraes.